Psicóloga destaca a participação ativa da família como um pilar para a prevenção do suicídio em adolescentes

 Psicóloga destaca a participação ativa da família como um pilar para a prevenção do suicídio em adolescentes

Diálogo. Um substantivo masculino que significa “conversa entre duas pessoas ou mais”. Provavelmente, diálogo seja a palavra-chave para os relacionamentos, sobretudo entre pais e filhos. Nesta semana, o Portal Cultura Sul FM convidou a psicóloga Mariana Tratch Hertzog para discutir acerca da prevenção do suicídio em adolescentes, abrindo nosso mês temático.

A profissional, que atende em São Mateus do Sul há mais de 14 anos, observa o aumento de casos de jovens fragilizados e em sofrimento, resultantes de diversas situações, inclusive da pandemia do Covid-19, a qual provocou um isolamento forçado em adolescentes que estavam em fase de socialização e, bruscamente, retornaram a uma normalidade sem preparo para enfrentar as dificuldades oriundas desse período.

Para ela, o fato de o adolescente estar em desenvolvimento faz com que esse indivíduo não acesse – ou acesse com dificuldade – a questões internas, como superação ou experiências de outros momentos difíceis que, quando não acompanhados ou não observados, acarretam no desenvolvimento de transtornos psicológicos.

A profissional da saúde informa que existem muitos desafios no manejo com os responsáveis de adolescentes em risco, como a barreira de afeto, a falta de comunicação e de percepção da mudança emocional do adolescente, sendo essa negligência parental um fator que dificulta o processo de melhora.

De acordo com a psicóloga, apenas em casos severos de ideação suicida, ou seja, quando planeja ou pensa sobre dar fim a própria vida; ou quando o adolescente coloca em risco a própria vida ou de outros é que há a quebra de sigilo, isto é, quando o psicólogo deve comunicar a família ou mobilizar outras esferas sociais para auxiliar o adolescente. Além disso, é sugerido por Mariana que, se for necessário, inclua no processo do adolescente outros profissionais da saúde, como o psiquiatra, o qual pode contribuir com medicação.

A psicóloga alerta para os papéis da escola e dos responsáveis nesse cenário.

A escola, muitas vezes, é o local onde o adolescente expõe a demanda psicológica ou até planeja suicídio, dessa forma, segundo a profissional, é fundamental que os professores e funcionários se mantenham atentos, forneçam uma escuta acolhedora e comunique os responsáveis legais para que haja a busca por um profissional adequado. Hertzog destaca a importância de professores receberem treinamentos para conseguirem praticar essa acolhida no ambiente escolar.

No caso do ambiente familiar, a psicóloga reforça que a família deve ser uma base segura para o adolescente, onde ele se sinta seguro, acolhido e compreendido, cuja construção deve ser baseada no diálogo livre de julgamentos em que os responsáveis participem ativamente na vida dos seus filhos, a fim de que seja visto, apoiado e, principalmente, para que sua dificuldade não seja confundida com “chamar atenção”, destaca a psicóloga.

Foto: Arquivo pessoal de Mariana Tratch Hertzog.

Isso não começa na adolescência, isso começa na infância. Esse acompanhamento, essa presença dos pais em relação à vida dos filhos. Para que quando chegar um momento difícil, esse adolescente tenha recursos e, se ele sentir que não tem, que ele possa buscar apoio nas principais figuras que ele tem na vida, que são os pais ou as pessoas próximas da família.

Mariana Tratch Hertzog para o Portal Cultura Sul FM

Durante os anos de experiência, a psicóloga entrevistada percebeu uma mudança na forma de expressar a sexualidade e de entendê-la, diferindo de gerações anteriores, cujo aspecto promove desavenças familiares. Dessa forma, para Mariana, mesmo que exista a opinião de cada um a respeito desse tema, é necessário acolher e criar um ambiente seguro para o adolescente se entender.

Por fim, a profissional de saúde mental elenca recomendações direcionadas aos responsáveis legais com o objetivo de prevenir o suicídio, veja abaixo:

  • Participação ativa da vida dos filhos;
    • conheça os amigos;
    • crie um ambiente seguro para uma conversa acolhedora;
    • tente entender do que seu filho gosta de um jeito que você o conheça.
  • Disponibilidade para o diálogo aberto;
    • questione como ele está, como está lidando com algo em específico (caso a família esteja passando por um momento delicado) ou o que pensa a respeito;
    • oriente acerca do uso de substâncias ilícitas ou sobre o tempo de uso de celular/computador.
  • Atenção aos sintomas;
    • irritabilidade frequente, insônia, falta de motivação, falta de vontade de conviver, mudanças bruscas de comportamento, uso de roupas compridas, entre outros.
  • Criação de uma rede de apoio
    • seja canal de comunicação com seu filho e incentive-o a criar relações saudáveis.

Sobre a entrevistada: Mariana Tratch Hertzog é psicóloga com pós-graduação em gestão de carreiras e talentos e com especialização em psicologia clínica e da saúde.

Redação Cultura Sul FM.

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