Crianças sofrem mutilações coletivas em escola pública de Ponta Grossa

 Crianças sofrem mutilações coletivas em escola pública de Ponta Grossa

Foto: Freepik

O caso, apurado pelo Portal BnT Online, mobilizou diversas mães e a equipe pedagógica de uma escola municipal em período integral no Município de Ponta Grossa, onde ao menos nove crianças sofreram ferimentos causados por estiletes improvisados.

Na data de ontem, quinta-feira (27), pais de alunos que frequentam a unidade de ensino localizada na região do Nova Rússia, acionaram a equipe do Portal Boca no Trombone informando que as crianças teriam sofrido ferimentos por objeto cortante, enquanto estavam sob responsabilidade do Município.

Diante da informação inicial, a equipe de reportagem buscou informações com pais de alunos e com a equipe de trabalhadores da escola citada. Todos os entrevistados confirmaram o ocorrido.

Entre as crianças feridas estavam oito meninos e uma menina, todos com faixa etária entre 8 e 9 anos, estudantes do 5º Ano.

A avó de um aluno ferido disse estar preocupada com a saúde e segurança das crianças, além de afirmar que a direção da escola está escondendo situações dos pais e responsáveis.

“Ele está todo cortado, tem alguns cortes bem profundos, eu estou preocupada, tenho ele e mais netos que estudam lá. Como não viram acontecer isso com tantas crianças? A escola vai tentar encobrir e enganar todo mundo”.

Segundo o relato, a criança teria sido cortada por um colega mais velho:

“Ele não falava nada com nada, estava com medo, mas falou que foi um coleguinha que cortou os braços dele”.

A reportagem ouviu ainda trabalhadores da instituição, os quais confirmaram as mutilações e automutilações e deram detalhes de como tudo teria acontecido.

“É preocupante a quantidade de crianças com tantos cortes. Um aluno disse que viu uma menina se cortando com uma lâmina e os colegas que estavam junto desafiaram ele a se cortar também. De início ele chegou a aceitar, mas quando desistiu outro colega cortou o braço dele. ”

Outra mãe de um aluno relatou que seu filho não se feriu, mas ela descobriu o caso após a criança dizer que estava com medo de ir para a escola.

“A escola não avisou as outras mães. A gente apenas ficou sabendo porquê nossos filhos chegaram em casa comentando e fomos averiguar. A diretora informou que estava conversando com as mães dos alunos envolvidos, mas eu penso que a escola deveria informar todos os pais e dar uma satisfação daquilo que ocorre na escola.”

A mãe afirmou que pretende mudar a criança de instituição de ensino

“Eu vou transferir ele. Estou bem insegura e com medo que meu filho continue ali. isso é muito grave, eles esperaram e deixaram nove crianças se machucarem”

Funcionários confirmam mutilações e denunciam

De acordo com os trabalhadores, diversas mães foram chamadas, porém, os casos foram tratados individualmente, afim de evitar discussões.

Uma funcionária relatou a possível falha que permitiu a mutilação em grupo, apresentando-se preocupada e afirmou ainda que a gestão do município e a Secretaria Municipal de Educação são negligentes em alguns casos.

“Como servidora é difícil ver tudo que acontece, isso configura no mínimo descuido, pois, as crianças ficaram sem supervisão. Mas aí entra a falta de funcionários que estamos enfrentando, tudo acontece no recreio e intervalo, são muitas crianças juntas e tem apenas um funcionário para cuidar”.

Outro relato traz o desabafo de trabalhadores que se sentem pressionados pela gestão e afirmam que a SME preocupa-se apenas com a imagem na mídia.

“Nós estamos no limite, pais, alunos e professores. Ultimamente a secretaria quer apenas o portfólio e relatório para publicarem nos jornais o ‘Novo Aprender’, mas esquecem-se de que estamos com poucos funcionários e trabalhando com crianças que possuem dificuldade extrema em aprendizado e de estrutura familiar, com isso vem todos esses problemas comportamentais”

Respostas

Durante o período de apuração fatos, a reportagem buscou informações detalhadas diretamente com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Ponta Grossa junto à Secretaria Municipal de Educação. Contudo, passado o prazo de 24 horas da solicitação de resposta, a gestão municipal não se manifestou.

Com informações de BnT Online (parceiro do Portal Cultura Sul FM)

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