Metade dos pacientes em tratamento de câncer do SUS são atendidos fora do seu município

 Metade dos pacientes em tratamento de câncer do SUS são atendidos fora do seu município

Um estudo publicado em dezembro e divulgado nesta sexta-feira (04/02), pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta que cerca de metade dos brasileiros em tratamento contra câncer no Sistema Único de Saúde (SUS) precisam deixar seus municípios de residência para receber assistência especializada. Os dados avaliaram dois períodos distintos, entre 2009 e 2010 e 2017 e 2018, em vários locais do Brasil.

Para dimensionar o acesso ao tratamento, foram analisados 12.751.728 procedimentos − cirúrgicos, radioterápicos e quimioterápicos − ao longo de dois períodos: 2009-2010 e 2017-2018. O trabalho foi coordenado pela pesquisadora Bruna Fonseca, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz, e concluiu que não houve melhora na comparação dos dois períodos estudados.

O mapeamento mostrou que entre 49% e 60% dos pacientes precisam deixar suas cidades para realizar o tratamento e que os deslocamentos são maiores nas regiões Norte e Centro-Oeste. Segundo o estudo, dependendo do tipo de tratamento, os pacientes dessas regiões chegam a percorrer uma média de 296 a 870 quilômetros, enquanto, no Sul e no Sudeste, as distâncias médias variam entre 90 e 134 quilômetros.

Os pesquisadores da Fiocruz destacam que os polos de atendimento estão concentrados nas regiões Nordeste e Sudeste. No Amapá e em Roraima, a maioria dos pacientes que necessitam de tratamento radioterápico precisou percorrer uma média de mais de 2 mil quilômetros para encontrá-lo. A região Norte do Brasil tem uma densidade populacional menor, mas as viagens das pessoas em atendimento são por percursos maiores.

A cidade de Barretos, em São Paulo, foi o principal pólo de atração para todos os tipos de tratamento. Segundo o estudo, 95% dos pacientes que fazem cirurgia, radioterapia ou quimioterapia no município são de outras cidades. “Há a percepção popular do que é referência no tratamento de câncer, o que faz com que os pacientes se desloquem, independentemente das distâncias e do planejado nas políticas de saúde”, explica a pesquisadora.

O artigo cita trabalhos anteriores que apontam que pacientes que precisam se deslocar para o tratamento de câncer relatam diversas dificuldades, como fadiga, longos períodos de espera para retornar para casa, falta de alimentação adequada, falta de dinheiro para a viagem e interrupções contínuas de suas atividades rotineiras.

Da redação com informações e imagem da Agência Brasil

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