Deputado catarinense recebe ex-marido de Maria da Penha e causa nova polêmica

 Deputado catarinense recebe ex-marido de Maria da Penha e causa nova polêmica

A situação ocorreu no gabinete do deputado estadual de Santa Catarina Jessé Lopes, nessa semana, ao receber o ex-marido de Maria da Penha Maia Fernandes, ouvir a versão do condenado por tentar matar a esposa e postar uma foto com o visitante. O mesmo parlamentar esteve no centro de outras polêmicas: frente às mulheres, no início de 2020, e no incentivo a não seguir medidas restritivas da Covid-19.

“O marido da Maria da Penha. Visitou meu gabinete e contou a versão sobre o caso que virou lei no Brasil. Sua história é, no mínimo, intrigante”, postou Jessé Lopes em suas redes sociais. Na publicação, uma foto com o colombiano Marco Antonio Heredia Viveiros condenado a 15 anos de prisão em 1991. O agressor teve a pena reduzida para pouco mais dez anos, cumpridos em liberdade, por tentar matar Maria da Penha.

Até o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) publicou nesta quarta-feira (01/09), em sua página oficial uma foto de Maria da Penha, em um texto que se solidariza pelo enfrentamento à violência doméstica. “A sua trajetória em busca de justiça durante 19 anos e 6 meses faz dela um símbolo de luta por uma vida livre de violência contra as mulheres e deu nome a Lei 11.340. sancionada em 7 de agosto de 2006”, cita o post.

O crime ocorreu em 1983 em que o ex-marido de Maria da Penha atirou em suas costas enquanto ela dormia, o que a deixou com lesões irreversíveis. Ela ficou paraplégica devido às lesões irreversíveis na terceira e quarta vértebras torácicas, laceração na dura-máter e destruição de um terço da medula à esquerda – constam-se ainda outras complicações físicas e traumas psicológicos.

“Não significa que corroboro com a fala apresentada”, disse o deputado sobre ter recebido, ouvido e tirado um retrato ao lado do condenado por tentar matar Maria da Penha. No entanto, Jessé Lopes esteve na ponta de outras polêmicas, no ano passado, quando diante da campanha “Não é não”, em Florianópolis para combater o assédio e o machismo no carnaval da capital catarinense, reclamou.

“Não sejamos hipócritas. Quem, seja homem ou mulher, não gosta de ser ‘assediado(a)’? Massageia o ego, mesmo que não se tenha interesse na pessoa que tomou a atitude”, disse na época o parlamentar, inclusive com pedido de perda de mandato feito na época. Depois, em 31 de outubro de 2020 ele publicou: “Neste feriado saia de casa!! Vá viajar, vá no parque ou na praia!! E se puder não use máscara”.

Essa conduta, da época, consta no artigo 286 do Código Penal que fala em “infringir medida sanitária que tenha como objetivo evitar a propagação de doença contagiosa”, conforme na época pontuou o MPSC. Nas redes sociais, o parlamentar tentou se desculpar do fato de ter recebido e dado publicidade ao condenado por tentar matar Maria da Penha. Ele alegou que divulga todos os atos e a visita não estava agendada.

Diversas entidades catarinenses e mulheres parlamentares repudiaram a atitude de Jessé Lopes. A deputada estadual Luciane Carminatti publicou uma foto com Maria da Penha e escreveu: “Nós, da Bancada Feminina da Alesc, preferimos estar ao lado de quem combate a violência, não de quem a pratica”. O Estado de Santa Catarina, segundo ela, perde uma mulher por semana para a violência de gênero, o que precisa ser combatido e que “não há mais espaço para manifestações irresponsáveis”.

Da redação com informações da Alep e redes sociais e imagem reprodução das redes sociais do deputado

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