Fumo: apenas uma empresa faz reajuste de preço acima do custo de produção e com ganho real

 Fumo: apenas uma empresa faz reajuste de preço acima do custo de produção e com ganho real

Somente a JTI ofereceu, na rodada de negociação entre entidades e empresas, um percentual que beneficia diretamente o agricultor que produz fumo e fechou acordo. A China Brasil cobriu o custo de produção, mas sem aumento real ou reposição de perdas anteriores ao produtor de tabaco. A rodada de discussão de preços ocorreu entre a quarta-feira (26/01) e quinta-feira (27/01) em Santa Cruz do Sul/RS envolvendo fumageiras e representações de produtores.

O custo de produção foi efetivamente calculado em conjunto entre as empresas e comissão representativa dos produtores de tabaco, formada pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e Federações da Agricultura (Farsul, Faesc e Faep) e dos Trabalhadores Rurais (Fetag, Fetaesc e Fetaep) do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Esses percentuais foram apresentados entre 20 e 21 de dezembro de 2021, mas sem fechar acordo.

Na nova rodada, dessa semana, as empresas discutiram individualmente o acréscimo de percentuais com base no aumento de custo de produção calculado e perdas decorrentes de anos anteriores. Apenas a JTI (Japan Tobacco International) ofereceu valores com ganho real ao agricultor e fechou acordo com correção de 19,25% mais R$ 1,00 (plus) de complemento. O percentual para cobrir as despesas era de 14,23% e a comissão solicitava a reposição de 22,23%.

Em dezembro, a JTI havia oferecido 16% e na nova rodada de negociação melhorou a proposta. O reajuste sobre a tabela de classes ficou em 19,25% para o Virgínia e Burley, somando de R$ 1,00 de complemento (plus) sobre o Virgínia. No caso, a fumageira foi a única em oferecer 5% de rentabilidade ao fumicultor, mas o bônus. Reconhecido, segundo a empresa, pelas federações representativas esse esforço para recompensar o produtor integrado.

Demais empresas não fecharam acordo com a comissão representativa, conforme define a legislação em vigor. A BAT (British American Tobacco) e Premium Tabacos apresentaram índices de correção abaixo do custo de produção calculado em conjunto com as entidades. No caso da BAT o custo foi de 16,51%, o pedido das entidades de 24,51% e a proposta de apenas 15,4%. Premium: custo de 18,56%, pedido de 26,56% e proposta somente 15%.

Por sua vez, a China Brasil Tabacos propôs apenas cobrir o percentual de despesas levantado em conjunto com as federações e Afubra, 18,83% ante o pedido das entidades de 26,83%, sem nenhum ganho real ao fumicultor. A Universal Leaf Tabacos e UTC trouxeram propostas apenas nessa segunda rodada, mas muito aquém do solicitado pelas entidades. Demais empresas sequer apresentaram proposição para negociar.

A Universal ofereceu 15,2% para o Virgínia diante do pedido das entidades de correção de 28,37%, com custo de produção levantado de 20,37%. A Alliance One teve aumento no custo de produção de 28,43% e ofereceu somente 15% na primeira rodada e não apresentou proposta nessa segunda, ante o pedido de reajuste de 36,43%. Premium ofereceu reposição de 15%, diante do custo de produção de 18,56% e pedido de correção de 26,56%.

A UTC não havia, assim com a Universal, apresentado proposta em dezembro. Na rodada dessa semana ofereceu 15,3% de reajuste diante do custo de produção de 19,24% e pedido de reajuste de 27,24%. A CTA não apresentou proposta nessa segunda discussão, na primeira havia oferecido reajuste de 15,3% diante do custo levantado de 22,67% e solicitação de correção da tabela, por parte das entidades, de 30,67%.

Segundo a Afubra, a Philip Morris não participou dos encontros, não realizou o levantamento de custo de produção em conjunto, fator determinante para participação nas negociações. Mas as entidades se mantêm dispostas a negociar com a empresa, desde que ela reconheça o custo de produção apurado. Não há data informada para que isso ocorra, contudo, valendo para todas as empresas, a legislação determina essas tratativas dentro da cadeia produtiva do tabaco.

Durante o encontro, as entidades que representam os fumicultores mostraram preocupação com a sustentabilidade do Sistema Integrado de Produção de Tabaco, em função dos percentuais apresentados: “É preciso observar o custo de produção, valorizar e proporcionar lucratividade ao produtor de tabaco. Os gastos com a atividade são o mínimo a ser pago. É preciso conceder um reajuste justo aos produtores”, reforçam as entidades representativas.

Da redação com informações e foto da Afubra

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