Família venezuelana busca recomeçar a vida em São João do Triunfo

 Família venezuelana busca recomeçar a vida em São João do Triunfo

Foto: Cultura Sul FM

Diariamente nos deparamos com exemplos de vida, e superação a serem seguidos, é o caso da história da família venezuelana, que tem como matriarca Rina de Los Angeles Lares Guaimare, de 37 anos, que está a poucos dias morando em São João do Triunfo com seu marido e seus dois filhos, buscando recomeçar a vida. Mesmo tendo passado por muita dificuldade, ela diz que só tem a agradecer aos triunfenses e a todos que os acolheram e ajudaram desde que chegaram ao Brasil.

Ao Cultura Sul Notícias, Rina relatou um pouco sobre como acabou vindo parar em São João do Triunfo. Ela contou que está no Brasil a quase três anos, quando decidiu sair do seu país de origem, a Venezuela. Assim como ela, muitos fogem do país desde que o presidente Nicolás Maduro, assumiu o poder e aprofundou a perseguição a opositores. As seguidas crises e prisões injustificadas de quem não concorda com Maduro levou os Estados Unidos a determinarem, em 2015, um bloqueio econômico à Venezuela, extremamente dependente da exportação de petróleo.

Com o bloqueio o impacto foi imediato e a população passou a conviver com escassez, inflação e um mercado de dólar paralelo. “Infelizmente não tinha mais como ficar no nosso país, já que o governo não aceitava que a população vivesse diferente do imposto por ele. Lá, as pessoas trabalham o mês todo em troca de um pacote de arroz e manteiga, não tem alimentos disponíveis, não tem carne, meus filhos não tomavam leite é uma situação muito complicada e triste. Eu estava com 35 quilos, achei que iria morrer e deixar meus filhos sozinhos, pois não tinha o que comer”, relatou ela

Rina disse que ao decidirem vir para o Brasil, venderam tudo o que tinham, buscando melhores condições de vida no país vizinho. “Só viemos com a roupa do corpo, e mesmo assim, o dinheiro só deu para chegar próximo à fronteira, depois, seguimos a pé, com as crianças”. Na época os filhos tinham 11 e 5 anos de idade. Após quilômetros caminhando, chegaram a Roraima e lá se instalaram por um tempo, até conseguir compreender melhor a língua e conseguir documentos, disponibilizados pelo governo brasileiro, que levou nove meses.

Rina com os filhos

“Sem documentação não era possível fazer nada, mas aqui recebemos apoio, sempre tinha um cafezinho, um pãozinho, mortadela, leite, eu nem acreditava que vocês tinham tantos alimentos. Fiquei admirada quando cheguei e recebi apoio. O país de vocês é muito rico, as pessoas muito boas, eu sou muito feliz e grata a Deus, por encontrar tantas pessoas boas, cada uma contribuiu um pouco. Aqui as pessoas se ajudam, pensam no próximo, parece até um sonho estar aqui”, falou com lágrimas nos olhos.

Após os nove meses, Rina relatou que recebeu apoio mais uma vez, agora para seguir sua vida no novo país, quando decidiram vir para Santa Catarina, mais precisamente para a cidade de São José. Quando indagada o porquê São José, ela contou que ouviram falar que na região tinha muito trabalho, e com isso, resolveram vir para o sul do Brasil. “Ficamos um ano e pouco em São José, nossa tudo muito lindo, eu consegui emprego rápido, mas meu marido não, e lá o custo de vida é alto”, explicou.

Ela contou que um outro venezuelano tinha conseguido emprego em São João do Triunfo e convidou o marido dela para vir junto trabalhar, e ele veio já que não conseguia arrumar emprego em São José. “Ele ficou trabalhando um pouco aqui e me ligou pedindo pra vir embora pra cá, pois não conseguia ficar longe de mim, dos filhos, que era difícil, então sai do emprego e vim. Chegamos aqui só com a roupa do corpo praticamente”. Ao chegar na nova cidade, São João do Triunfo, uma notícia não muito boa abalou a família.

Rina contou que o empregador do marido não estava pagando corretamente, alegando dificuldades e que não sabia como seriam os negócios futuramente, com isso, o marido ficou sem emprego fixo. Passando por dificuldades procurou o CRAS do município, que segundo ela prontamente lhe auxiliou. “Quando chegamos, alugamos essa casinha, olha que linda, mas não tínhamos nada, agora já tenho mesa e cadeiras que um senhor trouxe pra mim, o CRAS ajudou com roupas, pia, uma cama, colchões, talheres, prato, fogão, eu nem sei como agradecer tudo isso”, disse emocionada.

Ainda falta muita coisa a família, como camas para os meninos, guarda-roupas, sofá, eletrodomésticos, roupa de cama, utensílios, TV, lavadora, geladeira, etc, mas mesmo com tão pouco, o que mais emociona é ver essa família com um sorriso no rosto, com vontade de viver e lutar por um futuro melhor. Quando indagada o que a família estaria precisando, para que pudesse colocar na matéria, ela disse com um sorriso no rosto, que nada, pois tudo que ela precisava já tinha: a família, um lar e alimentos.

Como o marido está sem emprego fixo, ela pediu que se alguém tiver uma vaga que os procure. “Meu marido tem mais de 25 anos de experiência com pintura de casas, prédios e texturas. Quem puder dar um emprego, agradecemos”. Algo que chamou muita atenção, na entrevista, foi o relato de Rina em relação aos familiares que ficaram na Venezuela, que infelizmente não podem sair do país, já que as fronteiras estão fechadas.

“Tudo que conseguimos dividimos, metade vai para nossos familiares na Venezuela, pois é muito triste saber que temos tanto aqui e lá estão passando fome”, disse Rina. Uma das dificuldades do sul para ela e a família é o frio, ela contou que está difícil se adaptar. “Lá só tinha calor, esse frio é de congelar, mas vamos nos adaptando com isso também”, frisou.

Quem puder colaborar de alguma forma, é só procurar o CRAS de São João do Triunfo, ou ainda a rádio Cultura, na Rua: Treze de Maio, 817 – Vila Pinheirinho, São Mateus do Sul – ou pelo telefone: (42) 3532-2100

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