Delegado afirma que esquema de reutilização de materiais descartáveis em cirurgias só funcionava com a participação de médicos

 Delegado afirma que esquema de reutilização de materiais descartáveis em cirurgias só funcionava com a participação de médicos

Seis médicos urologistas, uma instrumentadora e secretária de um dos profissionais foram presos em uma operação realizada nesta quarta-feira (11), no Paraná e Goiás.

Os médicos que foram presos suspeitos de reaproveitar materiais cirúrgicos descartáveis sabiam que estavam agindo de forma ilegal, afirmou a Polícia Civil.

“É impossível a existência desse tipo de crime sem a participação dos médicos”, disse o delegado Alexandre Macorin.

Seis médicos urologistas, uma instrumentadora cirúrgica e mais uma mulher que trabalhava como secretária de um dos profissionais foram presos temporariamente.

Os investigados foram presos em Francisco Beltrão, Ivaiporã, Campo Mourão, no Paraná, e em Rio Verde e Goiânia, em Goiás. Também foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão.

A ação é um desdobramento da Operação AutoClave, deflagrada em setembro deste ano. Na época, cinco pessoas suspeitas de vender materiais que já tinham sido usados em outras cirurgias para médicos urologistas foram presas.

Operação tem oito mandados de prisão temporária — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Operação tem oito mandados de prisão temporária — Foto: Polícia Civil/Divulgação
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Ao analisar os materiais apreendidos em setembro, a polícia identificou os seis médicos, a instrumentadora e secretária alvos da operação desta quarta-feira.

“Existem protocolos de fiscalização que devem ser seguidos após a utilização destes materiais. Etiquetas que indicam a procedência dos itens precisam ser retiradas e entregues ao plano de saúde ou ao hospital. No momento das cirurgias, os médicos não observavam a retirada destas etiquetas e reaproveitavam os materiais”, detalhou o delegado.

Em alguns casos, os materiais foram utilizados até 15 vezes antes de serem jogados fora.

O custo dos materiais era de R$ 1,2 mil, porém, eram comprados pelos profissionais por um preço entre R$ 250 e R$ 300, segundo a Polícia Civil.

Problema de saúde pública

Um paciente relatou que contraiu uma infecção após utilizar um cateter indicado por um dos médicos investigados.

“Fiz exames que comprovaram que tinha cálculos. Coloquei esse cateter para retirar em um prazo de dez dias. Mas, tive que voltar no médico porque estava sentindo muito febre, não conseguia me alimentar e estava desidratada. O diagnóstico foi uma infecção fortíssima”, contou.

Crimes

Os crimes investigados são associação criminosa, falsidade ideológica de documento particular e adulteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.

Reprodução – G1Paraná

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