Não vacinar recém-nascidos é negligência, diz Sociedade de Pediatria

 Não vacinar recém-nascidos é negligência, diz Sociedade de Pediatria

A vacinação é considerada uma grande conquista da Medicina na luta contra doenças graves e transmissíveis. Tornar as crianças imunes a essas doenças é uma tarefa importante para o pediatra e para os pais. Essa tarefa é iniciada logo após o nascimento, certamente contribuindo com a redução da mortalidade infantil nos últimos anos.

Recentemente, tem-se observado um movimento contrário à vacinação das crianças, liderado por grupos específicos de profissionais da saúde nos Estados Unidos, alguns países da Europa e no Brasil. Em sequência a esse movimento, houve o ressurgimento de doenças infectocontagiosas tais como: sarampo, caxumba e rubéola, principalmente na Europa.

Vacinar as crianças é um ato de responsabilidade tanto com elas quanto com a população adulta. Uma criança não vacinada e que adquira uma doença infectocontagiosa potencialmente prevenível pode transmiti-la a várias pessoas em seu meio ambiente. A Sociedade Brasileira de Pediatria considera que a vacinação seja um ato de cidadania, e considera que é negligência a recusa em praticá-la.

De acordo com o calendário de vacinação proposto pelo Ministério da Saúde e recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade Brasileira de Imunizações, o recém-nascido a termo e estável deve receber, nas primeiras horas de vida, a vacina contra a hepatite B e, até a alta da maternidade, também a vacina contra a tuberculose com a BCG. A seguir, o recém-nascido é incluído no Calendário Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

Por que é importante vacinar contra a tuberculose o recém-nascido de termo que nasce sadio?

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta cerca de 6 milhões de novas pessoas ao ano em todo o mundo e causa óbito em 16% desse contingente de doentes. Dentre suas manifestações clínicas, a mais comum envolve sintomas pulmonares, com febre e tosse crônica.

No Brasil, a cada ano, são notificados cerca de 70 mil casos novos. A incidência da tuberculose reduziu em 38,7% desde 1998, sendo a vacinação da população uma das estratégias de sucesso para essa diminuição. No período neonatal, suas manifestações clínicas geralmente envolvem os pulmões de forma difusa e a doença é considerada de difícil tratamento.

A vacina no recém-nascido é aplicada em dose única, durante a estadia na maternidade, na região do braço direito, em volume de 0,1 ml, via intradérmica e, geralmente, não causa reações imediatas. Somente por volta de um mês de vida a reação ocorre com elevação de uma pápula e, posteriormente, úlcera, causando uma lesão que cicatriza sozinha, provocando uma marca no local, denotando que houve a reação desejada.

Os recém-nascidos prematuros e os pequenos para a idade gestacional que nascem com peso inferior a 2000 g devem aguardar esse peso mínimo para a vacinação contra a tuberculose.

A vacina contra a hepatite B tem alguma vantagem ao ser aplicada no recém-nascido?

A hepatite B é uma doença infecciosa viral cuja manifestação clínica em geral é aguda, mas que pode ter um curso crônico, que inclui desde a cirrose hepática até o desenvolvimento de câncer hepático. O paciente às vezes não apresenta sintomas, mas tem o comportamento de portador crônico, ou seja, transmite o vírus da hepatite B por longo período. Sua prevenção através da vacina logo após o nascimento é fundamental para evitar a instalação desse quadro hepático crônico. Isso se deve ao fato de haver a possibilidade da transmissão do vírus da hepatite B da mãe para o feto ainda na gravidez ou no momento do parto.

No período de 1999 a 2011, no Brasil, foram notificados 120.343 casos de hepatite B. Entre 2000 e 2011, foram declarados no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) 9.659 óbitos por hepatite B em nosso país, sendo 5.521 como causa básica e 4.138 como causa associada.
A primeira dose da vacina hepatite B deve ser aplicada nas primeiras 12 horas de vida. A segunda dose está indicada com 1 ou 2 meses de idade e a terceira dose é realizada aos 6 meses, quando o recém-nascido for de termo. Nas situações em que haja o atendimento de prematuro com idade gestacional menor do que 33 semanas ao nascer, indicam-se quatro doses (ao nascer, com 1, 2 e 6 meses).

Matéria: Agência Brasil

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