Por que é tão difícil largar o cigarro? Especialistas explicam o vício

Nicotina e hábitos, como fumar em grupo, prendem pessoa ao cigarro
Nicotina e hábitos, como fumar em grupo, prendem pessoa ao cigarro

O início do consumo de cigarros se dá por inúmeros fatores, mas parar de usar é muito difícil para a maioria das pessoas. Afinal, por que é tão difícil largar o cigarro? De acordo com a oncologista Tatiane Montella, do Grupo Oncoclínicas, essa dificuldade se dá pela dependência química e social que o cigarro gera.

Outro fator que dificulta o processo de largar o cigarro está relacionado a marcadores genéticos. Segundo a psiquiatra Carolina Hanna, do Hospital Sírio-Libanês, pessoas que possuem esse marcador têm uma percepção diferente da nicotina no cérebro, ocasionando um efeito positivo, o que contibui em 50% para a dependência do cigarro. Além disso, a quantidade de cigarros que a pessoa fuma e os sintomas da abstinência da nicotina também dificultam o processo.

“A questão do aprendizado corporal, o hábito de levar o cigarro à boca, fumar com as pessoas do trabalho ou enquanto bebe um café são hábitos difíceis de mudar. É necessário ter muita motivação”, afirma a psiquiatra.

Carolina afirma que, para parar de fumar, é necessário que se saiba que se trata de um processo difícil e que o cérebro vai pedir pela sensação de recompensa oferecida pela nicotina.

“O tabagismo é uma doença e, muitas vezes, o paciente e a sociedade cobram que a pessoa deve parar de fumar sozinha e por conta própria. Mas, por ser uma doença, a pessoa precisa do auxílio de um profissional adequado e de medicamentos para largar o cigarro, assim como outras doenças exigem a mesma coisa, com uma abordagem técnica específica”, afirma a oncologista.

Tatiane ressalta que não se deve ter vergonha de procurar ajuda para cessar esse vício. “A estimativa aponta que os fumantes têm cerca de três tentativas frustradas antes de conseguir parar de fumar, então o ideal é que esse paciente seja acolhido por uma equipe multidisciplinar, que avaliará o melhor tratamento”, explica.

Ambas as especialistas afirmam que houve uma diminuição de fumantes no país, mas ainda é necessário diminuir esse número. De acordo com Tatiana, políticas públicas brasileiras, como o aumento dos impostos dos cigarros, a proibição de publicidade do produto, as propagandas sobre os efeitos do tabagismo nas embalagens e a proibição de seu consumo em lugares fechados ajudaram a conter o número de fumantes.

Carolina afirma que, caso a pessoa ainda não esteja preparada para procurar ajuda, ela pode escrever as motivações pelas quais quer parar de fumar e se apoiar nelas, de maneira que sejam trabalhadas. Além disso, que seja feito um diário do tabagismo, anotando cada cigarro fumado, o horário, qual o sentimento que motivou fumar naquele momento e, se depois, a expectativa foi atendida (fumar para aliviar o estresse, por exemplo, e se depois de fumar, ajudou), escrevendo de zero a cinco o quanto desejava fumar aquele cigarro.

“Trabalhando dessa forma, a pessoa consegue criar motivação até procurar ajuda, seja com um psiquiatra, um cardiologista ou um pneumologista, que fará a bordagem individualizada para cada caso, seja remédio ou reposição de nicotina. Depois a pessoa precisa escolher o ‘Dia D’, de quando for parar, e precisará já estar medicada há uma semana para ter efeito. Contar com o apoio, seja de amigos, familiares ou de um profissional também ajuda durante o processo para acabar com o vício”, afirma Carolina.

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